A formação do conhecimento sobre o o exercício como prevenção cardiovascular remonta a tempos antigos, quando as civilizações reconheciam intuitivamente os benefícios da atividade física para a saúde. No entanto, foi somente nos últimos séculos que a ciência começou a investigar e compreender os mecanismos pelos quais o exercício afeta o sistema cardiovascular.
Como surgiram os estudos do exercício físico como prevenção?
Na Grécia Antiga, Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.), frequentemente chamado de “Pai da Medicina”, reconheceu a importância do exercício para a saúde em seus escritos. Ele destacou a importância do equilíbrio entre o exercício e a dieta adequada para manter um corpo saudável.
No século XVIII, os avanços na fisiologia humana permitiram uma compreensão mais profunda dos efeitos do exercício sobre o sistema cardiovascular. O médico escocês William Buchan (1729-1805) escreveu o livro “Medicina Doméstica”, publicado em 1769, no qual ele recomendava o exercício moderado para prevenir doenças cardíacas.
No final do século XIX, os estudos científicos sobre exercício e saúde cardiovascular começaram a ganhar impulso. O fisiologista alemão Ernst Heinrich Weber (1795-1878) foi pioneiro na medição da pressão arterial durante o exercício e demonstrou que o treinamento físico regular poderia levar a uma redução na frequência cardíaca em repouso e ao fortalecimento do coração.
Em 1949, o fisiologista americano Jeremiah Morris publicou um estudo seminal intitulado “Coronary Heart Disease and Physical Activity of Work” (Doença Coronariana e Atividade Física no Trabalho), no qual ele comparou a incidência de doença cardíaca coronária entre motoristas de ônibus de dois andares em Londres e motoristas de ônibus de um andar em Glasgow. Morris descobriu que os motoristas de ônibus de dois andares, que precisavam subir escadas regularmente, apresentavam uma incidência significativamente menor de doença cardíaca coronária em comparação com os motoristas de ônibus de um andar. Isso destacou a importância do exercício regular como um fator de proteção cardiovascular.
A prevenção de doenças crônicas é um dos principais benefícios do exercício físico.
Vários estudos mostram que a prática regular de atividade física reduz significativamente o risco de doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus tipo 2, obesidade e alguns tipos de câncer. Esses efeitos podem ser atribuídos a uma série de mecanismos, incluindo melhorias na função cardiovascular e respiratória, regulação da glicemia, redução da inflamação crônica e melhoria do perfil lipídico.
Além da prevenção, o exercício também atua no tratamento dessas doenças. Por exemplo, o exercício é uma intervenção recomendada para melhorar o controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, reduzir a pressão arterial em pacientes com hipertensão, melhorar a função pulmonar em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica e melhorar a mobilidade em pacientes com artrite. Além disso, a atividade física regular pode melhorar a qualidade de vida em pacientes com câncer, reduzindo a fadiga, melhorando a capacidade funcional e reduzindo os efeitos colaterais da terapia.
O exercício físico tem um impacto positivo na saúde mental e emocional.
Além dos benefícios físicos, a prática regular de exercícios físicos também tem um impacto positivo na saúde mental e emocional. Vários estudos mostram que o exercício físico regular pode reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão, melhorar a autoestima e a qualidade do sono. Esses efeitos podem ser atribuídos a várias alterações fisiológicas que ocorrem durante e após a atividade física, incluindo a liberação de endorfinas, a redução dos níveis de cortisol e a melhoria da função cerebral.
O exercício físico regular também tem um impacto significativo na qualidade de vida. A atividade física regular pode melhorar a capacidade funcional e a independência, permitindo que os indivíduos realizem atividades diárias com mais facilidade e autonomia. O exercício também pode melhorar o desempenho no trabalho e nas atividades sociais, aumentando a confiança e a autoestima.
Por que é tão difícil manter uma rotina de exercícios?
Manter a regularidade na prática de exercícios pode ser um desafio para muitas pessoas. Apesar da intenção inicial de iniciar um programa de treinamento, diversos fatores podem levar à desistência ao longo do tempo. Entre as principais dificuldades estão a falta de motivação, a falta de tempo, a falta de suporte social, as lesões e o desconforto físico, a falta de variedade e o tédio, e as expectativas irrealistas.
A falta de motivação é um fator crucial para a aderência a um programa de exercícios. Inicialmente, a empolgação e a vontade de alcançar determinados objetivos podem ser grandes, mas com o tempo, a monotonia dos exercícios, a falta de resultados imediatos ou a ausência de metas claras podem levar à perda de motivação e, consequentemente, à desistência.
Além disso, a falta de tempo é uma das principais razões citadas por muitas pessoas para abandonar um programa de treinamento. A agenda ocupada e as responsabilidades diárias consomem grande parte do tempo disponível, tornando difícil encontrar momentos para a prática de exercícios regulares.
A falta de suporte social também pode impactar negativamente a aderência aos exercícios. Quando não há pessoas ao redor incentivando ou compartilhando os mesmos objetivos, pode ser mais difícil manter a motivação e perseverar nos momentos de dificuldade. Ter um parceiro de treino, se juntar a grupos de exercícios ou contar com o apoio de familiares e amigos pode ajudar a superar essa dificuldade.
Lesões, dores crônicas ou desconforto físico durante o exercício também podem desencorajar a continuidade do programa de treinamento. Lesões agudas ou condições crônicas, como dores articulares, podem dificultar a prática de exercícios e levar à desistência. É importante buscar orientação profissional para evitar lesões e adaptar o programa de exercícios às necessidades e limitações individuais.
A falta de variedade na rotina de exercícios também pode levar ao tédio e à desistência. A repetição constante dos mesmos exercícios pode se tornar monótona, diminuindo o interesse e o prazer em praticá-los. Introduzir diferentes modalidades de exercícios, variar os ambientes de treinamento e definir metas desafiadoras podem ajudar a superar essa dificuldade.
Por fim, as expectativas irrealistas em relação aos resultados do programa de treinamento também podem levar à desistência. Algumas pessoas esperam resultados rápidos e significativos, mas a melhoria da aptidão física e os benefícios para a saúde geralmente requerem tempo e consistência. É importante estabelecer metas realistas e compreender que o progresso pode ser gradual.
Como manter uma rotina de exercício físico regular?
Para superar essas dificuldades e manter a regularidade na prática de exercícios, é útil ter um planejamento adequado, estabelecer metas alcançáveis, encontrar atividades físicas prazerosas, buscar suporte social, adaptar a rotina de exercícios às necessidades individuais e manter a motivação ao longo do tempo.
A consistência é fundamental. Não basta apenas iniciar um programa de treinamento, é preciso mantê-lo a longo prazo para colher os benefícios sustentados para a saúde cardiovascular e geral. O exercício regular não é apenas uma medida preventiva, mas também um componente essencial do tratamento de doenças cardíacas.
Portanto, é importante lembrar que o exercício não deve ser encarado como uma tarefa árdua, mas sim como um estilo de vida saudável e prazeroso. Ao encontrar atividades que sejam agradáveis, estabelecer metas realistas, buscar suporte e manter a motivação, é possível superar as dificuldades e desfrutar dos benefícios duradouros do exercício para a saúde cardiovascular e bem-estar geral.
Faça do exercício uma prioridade e invista em sua saúde, colhendo os frutos de uma vida ativa e saudável.