Doença arterial coronariana

O que é a doença arterial coronariana?

A doença arterial coronariana é uma condição cardiovascular caracterizada pela formação de placas de gordura nas artérias coronárias, responsáveis por fornecer sangue ao coração. Essas placas podem causar o estreitamento ou obstrução das artérias, comprometendo o fluxo sanguíneo e a entrega de oxigênio ao músculo cardíaco. Isso pode levar a sintomas como dor no peito, falta de ar e, em casos graves, ao infarto do miocárdio. A prevenção e o tratamento adequado são essenciais para controlar a doença coronariana e reduzir os riscos de complicações cardiovasculares.
Foto Wikipedia - Doença arterial coronariana
Foto: Wikipédia (Aterosclerose numa artéria coronária)

O que causa a doença arterial coronariana?

A doença coronariana é uma condição na qual ocorre a formação de placas de gordura, chamadas placas ateroscleróticas, nas artérias coronárias que fornecem sangue ao músculo cardíaco. Essas placas são compostas por lipídios, colesterol, células inflamatórias e depósitos de cálcio. O processo de formação das placas ocorre ao longo de muitos anos e é influenciado por fatores de risco, como hipertensão arterial, colesterol elevado, tabagismo, diabetes, obesidade, falta de atividade física e histórico familiar de doenças cardíacas.

À medida que as placas se acumulam, elas podem estreitar as artérias coronárias, reduzindo o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. Esse estreitamento, chamado de estenose, pode levar a sintomas como dor no peito (angina), falta de ar e fadiga. Além disso, as placas ateroscleróticas são propensas a rupturas, o que pode desencadear a formação de coágulos sanguíneos (trombos) que bloqueiam completamente uma artéria coronária. Essa obstrução aguda do fluxo sanguíneo leva ao infarto do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco.

A doença coronariana é uma condição crônica e progressiva, e sua gravidade varia de pessoa para pessoa. É importante ressaltar que muitas pessoas podem apresentar doença coronariana assintomática por um longo período, até que ocorra uma obstrução significativa da artéria coronária. Portanto, é fundamental adotar medidas de prevenção, como seguir uma dieta saudável, praticar exercícios físicos regularmente, controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol, evitar o tabagismo e manter um peso adequado.

Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico da doença arterial coronariana?

A doença coronariana pode apresentar uma variedade de sintomas, sendo os mais comuns a dor no peito, conhecida como angina. Essa dor é geralmente descrita como uma sensação de pressão, aperto, queimação ou desconforto no peito. Além disso, pode haver falta de ar, palpitações, sudorese excessiva, náuseas e fadiga. É importante ressaltar que nem todos os indivíduos com doença coronariana apresentam sintomas, e alguns podem até mesmo ter um evento cardíaco sem qualquer aviso prévio.

O diagnóstico da doença coronariana é baseado em uma combinação de avaliação clínica, histórico médico e realização de exames complementares. A avaliação clínica deve contemplar uma conversa detalhada para obter informações sobre os sintomas, histórico médico pessoal e familiar, estilo de vida e fatores de risco cardiovasculares. O exame físico é parte fundamental da consulta, sendo possível identificar a aterosclerose em outros leitos vasculares e a presença de outros fatores de risco como hipertensão arterial e obesidade. Da mesma forma contribui para o diagnóstico diferencial e a detectar uma cardiopatia avançada, como a insuficiência cardíaca por exemplo.

Exames complementares na investigação da doença arterial coronariana

Na investigação da doença coronariana, existem várias opções de exames complementares disponíveis.

A escolha dos métodos a serem utilizados é feita de forma individualizada, levando em consideração as características de cada paciente. A combinação dos resultados obtidos em cada um desses exames é fundamental para auxiliar o médico no diagnóstico e na definição da conduta mais adequada. Cada exame fornece informações específicas que, em conjunto, contribuem para o raciocínio clínico e a tomada de decisão.

• Eletrocardiograma (ECG): Registra a atividade elétrica do coração por meio de eletrodos colocados no peito, nos braços e nas pernas. O ECG pode revelar alterações que sugerem isquemia cardíaca, como padrões de ondas anormais.

• Teste Ergométrico e Teste Cardiopulmonar de Esforço (TCPE): Realizado enquanto o paciente realiza atividade física monitorada, como caminhada em esteira ergométrica. Durante o exercício, o ECG é continuamente registrado, permitindo a observação de possíveis alterações que podem indicar falta de fluxo sanguíneo adequado para o coração durante o esforço. No TCPE é realizado a análise dos gases expirados, dentre outros parâmetros, o que pode ser útil na investigação da doença coronariana.

• Ecocardiograma: Utiliza ondas sonoras para criar uma imagem em movimento do coração. Além do ecocardiograma convencional, existe o ecocardiograma com estresse, no qual o paciente realiza exercício físico ou recebe medicamentos que simulam o estresse, permitindo a avaliação da função cardíaca sob condições de esforço.

• Ressonância Magnética Cardíaca: Utiliza um campo magnético potente e ondas de rádio para criar imagens detalhadas do coração. A ressonância magnética cardíaca permite avaliar a estrutura e a função do coração, além de identificar áreas de redução do fluxo sanguíneo, cicatrizes de infarto e outras alterações.

• Cintilografia Miocárdica: Envolve a administração de uma substância radioativa que é absorvida pelo músculo cardíaco. Imagens são obtidas para avaliar a distribuição do fluxo sanguíneo e identificar áreas do coração com menor perfusão, o que pode indicar obstruções nas artérias coronárias.

• Angiotomografia Coronariana (angiotomografia das artérias coronárias): Utiliza tomografia computadorizada para obter imagens tridimensionais das artérias coronárias. Permite avaliar o grau de obstrução nas artérias e identificar a presença de placas ateroscleróticas.

• Angiografia Coronariana (cateterismo cardíaco): Procedimento invasivo no qual um cateter é inserido em uma artéria e um contraste é injetado para visualizar diretamente as artérias coronárias. Permite identificar a presença de obstruções e determinar o grau de comprometimento do fluxo sanguíneo.

Quais as consequências da doença arterial coronariana?

Uma das principais consequências da doença coronariana é o risco aumentado de desenvolver um infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco. Nesse caso, ocorre uma obstrução súbita e completa de uma artéria coronária, levando à falta de oxigênio e nutrientes para o músculo cardíaco, o que pode resultar em lesões e morte celular.

Além disso, a doença coronariana também está associada a outras complicações cardiovasculares, como a angina de peito, que causa dor e desconforto no peito devido à redução do fluxo sanguíneo para o coração. A insuficiência cardíaca congestiva é outra consequência comum, na qual o coração não consegue bombear sangue de forma adequada para o resto do corpo, levando a sintomas como falta de ar, fadiga e inchaço nas pernas.
É importante ressaltar a diferença entre doença coronariana aguda e crônica. A forma aguda ocorre quando há uma obstrução repentina e completa de uma artéria coronária, levando ao infarto agudo do miocárdio. Síndrome coronariana aguda é uma emergência médica. Já a forma crônica é caracterizada pela presença de placas ateroscleróticas ao longo do tempo, resultando em um estreitamento gradual das artérias e podendo levar a episódios de angina de peito ou até mesmo ao infarto.

A diferenciação entre as formas aguda e crônica da doença coronariana é crucial para o tratamento adequado. Nas síndromes agudas, como o infarto agudo do miocárdio, intervenções como o cateterismo e a angioplastia são necessárias de forma imediata. Por outro lado, a doença coronariana crônica é tratada principalmente com o uso de medicamentos que modificam o curso natural da doença, juntamente com a adoção de um estilo de vida saudável.

Como é feito o tratamento da doença arterial coronariana?

O tratamento da doença arterial coronariana abrange diferentes abordagens, adaptadas conforme a gravidade e estágio da doença. Com a combinação de abordagens, que podem incluir tratamento percutâneo, cirurgias de revascularização e tratamento clínico, juntamente com as mudanças no estilo de vida, é possível gerenciar efetivamente a doença arterial coronariana e promover a saúde do coração.

Tratamento percutâneo (angioplastia coronariana)

O tratamento percutâneo, como a angioplastia, consiste em uma intervenção minimamente invasiva para desobstruir as artérias coronárias. Utilizando um cateter, uma pequena sonda é inserida e, se necessário, um stent é colocado para manter a artéria aberta e permitir um melhor fluxo sanguíneo para o coração. Essa abordagem é especialmente eficaz para aliviar a obstrução e aliviar os sintomas, proporcionando alívio imediato ao paciente. O tratamento percutâneo (angioplastia) é indicado nas síndromes coronárias agudas e em casos de doença crônica onde o tratamento clínico e mudanças do estilo de vida não foram suficientes para o alívio dos sintomas.

Tratamento clínico

Sozinho ou em combinação, o tratamento clínico desempenha um papel fundamental, especialmente na doença coronariana crônica. O uso de medicamentos desempenha um papel crucial no controle dos fatores de risco e no manejo da doença. Dentre eles, estão os medicamentos para controle da pressão arterial, redução do colesterol, controle do diabetes e prevenção da formação de coágulos sanguíneos. Esses medicamentos ajudam a estabilizar a condição do paciente, reduzindo a progressão da doença e minimizando os riscos de complicações cardiovasculares. Também são consideradas como parte do tratamento clínico, as mudanças no estilo de vida são pontos fundamentais no tratamento da doença arterial coronariana.

Cirurgia de revascularização

As cirurgias de revascularização do miocárdio, como a ponte de safena e a cirurgia de enxerto de artéria mamária, são consideradas em casos mais complexos, nos quais há múltiplas lesões coronarianas ou quando a doença está em estágio avançado. Esses procedimentos envolvem a criação de novos caminhos para o fluxo sanguíneo, utilizando vasos sanguíneos saudáveis para contornar as áreas obstruídas. Isso restabelece o suprimento de sangue ao coração e melhora a função cardíaca. As cirurgias de revascularização são particularmente benéficas em pacientes com múltiplas lesões e lesões extensas, em diabéticos ou com comprometimento significativo da função cardíaca. A escolha entre angioplastia e cirurgia de revascularização depende de uma série de fatores clínicos e de preferências pessoais e da equipe médica. Uma análise detalhada e individualizada deve ser feita e, de preferência, junto de um HEART TEAM, ou time do coração.

Mudanças no estilo de vida

Adotar um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de atividade física, uma dieta balanceada e a cessação do tabagismo, desempenha um papel crucial na redução dos fatores de risco e na melhoria da saúde cardiovascular. A atividade física regular ajuda a fortalecer o coração e os vasos sanguíneos, melhorando a circulação e reduzindo a sobrecarga sobre o coração. Uma dieta saudável, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, auxilia no controle do colesterol e da pressão arterial. Parar de fumar é essencial, pois o tabagismo é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares. Cada caso é único, e a escolha do tratamento mais adequado deve ser feita em conjunto com o médico, considerando as características individuais do paciente e a gravidade da doença coronariana. O objetivo principal é aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco de complicações cardiovasculares.

"Podemos afirmar que um tratamento clínico otimizado, aliado a mudanças significativas no estilo de vida, desempenha um papel fundamental no retardo ou mesmo reversão do processo de aterosclerose. Essa abordagem abrangente não apenas melhora os sintomas, mas também promove uma maior sobrevida e uma qualidade de vida substancialmente melhor para o paciente!"