Existe associação entre Relação Sexual e Morte Súbita?

Existe alguma pesquisa que mostre a relação entre relação sexual e morte súbita?

Um estudo recentemente publicado no JAMA Cardiology avaliou essa questão. Dados do centro de patologia do St George’s University of London, coletados entre 1994 e 2000, avaliaram casos de morte súbita após detalhada autópsia e screening toxicológico, para afastar causas não cardíacas. Dos 6840 casos de morte súbita avaliados, 17 (0,2%) ocorreram durante o ato sexual ou até 1 hora após.  A idade média no momento do óbito foi de 38 anos, ocorrendo mais em homens (65% das vezes).  

O achado de autópsia mais comum foi um coração estruturalmente normal, em nove indivíduos (53%), sugestivo de arritmia maligna como causa subjacente. Outras causas foram dissecção aórtica em dois indivíduos (12%) e uma morte cada (6%) atribuída a cardiomiopatia arritmogênica, cardiomiopatia hipertrófica, cardiopatia isquêmica, fibrose idiopática, hipertrofia idiopática do ventrículo esquerdo (HVE) e prolapso da válvula mitral. 

Apenas um paciente relatou sintomas cardíacos prévios, embora quatro tivessem história sugestiva de doença cardíaca: um homem de 30 anos com diagnóstico de prolapso mitral; uma pessoa na faixa dos 20 anos com hipertensão diagnosticada que apresentava dissecção aórtica post-mortem; um paciente com história de taquicardia associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e um adolescente com hipertrofia ventricular esquerda que apresentou miocardiopatia hipertrófica na autópsia. 

Dados do Reino Unido mostram que pelo menos 12 jovens (com 35 anos ou menos) morrem de problemas cardíacos não diagnosticados anteriormente. Em 80% dos casos não haverá sinais de alerta, e é por isso que a triagem proativa de pessoas assintomáticas é tão vital. Uma vez identificadas, a grande maioria dessas condições pode ser tratada com sucesso (por meio de cirurgia, medicamentos ou modificações no estilo de vida), permitindo que os indivíduos continuem desfrutando de uma vida normal e retomando as atividades normais.  

Conclusão

Uma vez que uma pessoa é identificada com uma condição cardíaca potencialmente fatal, ela receberá conselhos de estilo de vida especializados sobre como evitar os riscos de sofrer uma parada cardíaca. Às vezes essas limitações, especialmente se forem aconselhadas a evitar esportes competitivos, podem ter um impacto real em sua qualidade de vida. No entanto, esta pesquisa sobre as circunstâncias em que houve morte súbita cardíaca em jovens fornece uma garantia muito forte para os jovens de que eles estão seguros ao se envolverem em atividades sexuais. 

Nesse estudo foi descoberto que a proporção de óbitos do sexo feminino foi substancialmente maior do que em estudos anteriores. Essa diferença provavelmente estava associada à diferença de faixa etária, uma vez que foram incluídos indivíduos com idade média de morte de 38 anos e os outros relatos incluíram indivíduos mais velhos do sexo masculino, entre os quais se esperava uma maior prevalência de doença arterial coronariana. O achado de autópsia mais comum foi a síndrome de morte súbita arrítmica, sugerindo que a doença elétrica primária pode estar associada a uma rara incidência de morte súbita durante a relação sexual. 

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Sobre o Autor

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Dr. Rafael Luís Marchetti

Cardiologista com mais de 20 anos dedicados à promoção de Saúde. Autor dos Livros "Revolução Alimentar" e "Manual do Estilo de Vida". Ao longo da minha jornada, descobri na Medicina do Estilo de Vida, Exercício e Esporte um caminho para inspirar meus pacientes a viverem de forma mais plena e saudável. Acredito que a educação em saúde é fundamental para o desenvolvimento pessoal e, por isso, um dos meus propósitos é trazer informações de qualidade, com respaldo científico, sobre saúde, comportamento e estilo de vida. Minha maior alegria é ver o coração de cada paciente pulsando com alegria e propósito, guiado por conhecimento e escolhas conscientes.

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